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Minha jornada Magento: até onde ele me levou

Publicado em 11 de junho de 2020

Ao longo deste artigo, contarei um pouco de como começou minha carreira de desenvolvedor PHP em Santos e como foi chegar até na Austrália, onde cuido exclusivamente do Magenteiro e das integrações PagSeguro. Contarei um pouco sobre as decisões, desafios e conquistas que me trouxeram até aqui e como você pode tirar proveito desse histórico.

Espero que goste.

Onde tudo começou

Meu primeiro emprego como desenvolvedor foi em 2001, na SoftRent – uma software house em Santos. Lembro como se fosse hoje, quando os donos da empresa me disseram que o que mais chamou atenção deles em meu currículo, foi minha persistência. Afinal, eu mandava meu currículo por e-mail e correio quase toda semana. Comecei como desenvolvedor Flash 3.0, sem nenhuma experiência anterior. Apenas para aprender. E 45 dias depois vi que esse negócio de desenvolvimento não era pra mim.

Com 17 anos de idade, apaixonado por computadores, fui procurar outra coisa pra fazer, desta vez no mercado de hardware.

Quatro anos depois, e após ter trabalhado e me especializado bastante na área de hardware – cheguei até a abrir uma empresa de manutenção de computadores, um amigo daquela primeira empresa me chama para tentar a programar de novo. 🙂

Era o começo de uma grande mudança.

Lição aprendida

O cara que trabalhava na outra sala, me chama pra trabalhar na empresa que ele era sócio, 4 anos depois. Devo ter feito algo de bom na primeira empresa naqueles 45 dias. Ou talvez, só por não ter feito nada de ruim tenha sido o suficiente.

Deixe as portas abertas por onde for.

Onde o Magento começou

Depois de 6 anos desenvolvendo para web em diversas empresas do estado de São Paulo, surgiu um convite inesperado.

Lembra daquela primeira empresa de Santos? Dez anos se passaram, e um dos sócios daquela primeira empresa, me chamou para outro desafio, desta vez com Magento, em outra empresa de Santos, a Timepix.

Naquela época eu finalizava o desenvolvimento de um e-commerce pessoal, feito puramente em PHP. Era pra ser algo simples…

Sem documentação, sem muita popularidade, o Magento era complicado. Era?!

Pouco tempo depois, sofrendo com uma das primeiras versões do Magento, comecei a perceber que era hora de jogar meu e-commerce PHP no lixo e fazer de novo, com Magento. Apesar de todo o sofrimento, tudo que eu precisava, e que um dia iria precisar no meu e-commerce estava ali.

Só precisava aprender a mexer melhor naquele negócio.

A primeira grande mudança

Após ter entregue 3 lojas em 1 ano de Magento, comprado todos os livros que existiam na Amazon, e feito todos os pouquíssimos cursos disponíveis, era hora de um novo passo.

Fui ajudar a construir o que um dia seria a maior empresa de Magento da América do Sul. Em 2012, um dia após minha primeira palestra sobre Magento, eu começava na E-smart.

Primeira palestra sobre Magento, em 2012

No primeiro mês de empresa já havia feito algum desenvolvimento para mais de 10 clientes/lojas diferentes. A diversidade e tamanho dos clientes tinha crescido bastante.

Trabalhei ao lado dos melhores desenvolvedores Magento que conheci e tive a sorte de participar de fases importantes dos maiores cases de Magento do país.

Foram quase 5 anos de E-smart, mas menos do que este tempo foi necessário para ver a empresa ser vendida para B2W por R$13 milhões.

Era o resultado do bom trabalho que até ali tinha sido construído.

A segunda grande mudança

Depois de aumentarmos o escritório algumas vezes, este era maior ainda. Passamos a compartilhar espaço com outras grandes empresas do e-commerce adquiridas naquele ano pela B2W (a gigante por trás da Americanas, Submarino, Shoptime e outras). Tudo isso em alguns andares de um grande prédio no bairro da Vila Olímpia, em São Paulo.

Não demorou para perceber que o tamanho do escritório não era a única coisa que ia crescer dali pra frente.

Nos últimos 16 meses de B2W me afastei quase totalmente do papel de desenvolvedor Magento (pelo menos dentro da empresa).

Novos e grandes clientes nos desafiavam todos os dias com seus requisitos e necessidades. Com isso o time precisava de alguém técnico para auxiliar a equipe comercial no dia a dia, e fui felizmente escalado para este time.

Foram 1 ano e 4 meses integrando a equipe comercial no papel de arquiteto de soluções Magento. Foi incrível poder ver e trabalhar em cima de análises de requisitos complexas e ver como o Magento é capaz de atender milhares deles de forma nativa ou com quase nenhuma customização quando comparado a seus concorrentes.

Além disso, conhecer outros profissionais, entender necessidades de clientes e ter a visão comercial de uma empresa de software é algo que todo desenvolvedor deveria experimentar.

“entender necessidades de clientes e ter a visão comercial de uma empresa de software é algo que todo desenvolvedor deveria experimentar.

Com o suporte da equipe – desta vez a equipe comercial – pude aprender bastante sobre negócios, vendas, ampliar minha rede de contatos, e muito mais. Foi uma experiência incrível e que por pouco não teria deixado acabar.

Eu estava em um dos melhores momentos da carreira “de Magenteiro”, e dentro de uma das maiores empresas de comércio eletrônico do mundo.

Bom, era hora de começar de novo.

Mudança para Austrália

Morar fora do país sempre foi um sonho e um objetivo. Depois do casamento – no fim de 2016 – era hora de escolher onde e como.

Os pré-requisitos do país de destino deveriam ser:

  • Falar Inglês
  • Ter verão pelo menos 2 meses por ano
  • Ter praia
  • Que o visto fosse possível sem loteria

Com uma moeda mais fraca que outros competidores, e atendendo facilmente a todos os requisitos, a Austrália se mostrou o candidato perfeito (exceto pela distância). Pouco mais de 6 meses após casar, viemos para Austrália como estudantes e sem nenhum emprego certo.

Minha esposa fechou o centro estético que abrimos em Santos, aluguei o apartamento onde morava, e mudamos para Austrália com um plano: ela iria estudar Inglês aqui por 5 meses e neste meio tempo decidiríamos se aplicaríamos para um visto mais longo ou voltaríamos para o Brasil.

Moradia nas terras dos cangurus

Nossa primeira casa por aqui era um Airbnb pequeno e bem caro, reservado por apenas 13 dias, mas bem localizado, ao lado de um dos mais belos parques de Sydney, o Hyde Park.

Por pouco não foi tempo suficiente até que conseguíssemos um lugar definitivo para ficar. Diferente do Brasil, os imóveis para vender ou alugar ficam disponíveis para exibição por cerca de 15 minutos por semana, no final de semana. E geralmente encontramos uma dúzia de outros interessados no mesmo imóvel visitando-os ao mesmo tempo.

Sem tempo, sem carro, e sem conhecer ninguém, arrumar um lugar para ficar é algo bem difícil por aqui.

Após o último final de semana de visitas sem sucesso, conseguimos alugar algo na região norte de Sydney. Direto com um proprietário e sem muita competição.

De onde vem o dinheiro

A esta altura estávamos sustentados por alguns de meus negócios online, alguma economia e a única certeza de que com algum conhecimento em Magento podemos conseguir emprego em qualquer lugar do mundo. Inclusive em Sydney.

Mesmo assim, para quem sempre teve emprego formal, isso dá um baita frio na barriga. Ainda mais depois de largar tudo do outro lado do mundo e estar em terras pouco conhecidas.

Magento abrindo mais portas

Em 5 dias na Austrália e com visto de estudante (no meu caso, acompanhante de estudante), fiz a primeira entrevista e logo comecei a trabalhar com Magento a alguns metros de distância da nova casa por aqui.

Desta vez era a webqem. Uma empresa parceira da Adobe e que foi porta de entrada para nossa estadia permanente por aqui e para novas amizades. Ah, e naquele tempo a Adobe ainda nem pensava em comprar a Magento. Foi mera coincidência.

Este era um emprego meio período, do jeito que eu precisava. Com mais tempo livre fora do trabalho formal, logo nascia o Magenteiro.com. Era Julho de 2017, e não tínhamos nem 3 meses de Austrália quando o Magenteiro.com era lançado com seu primeiro curso exclusivo de desenvolvimento de módulos para Magento 1.9.

Propaganda do primeiro curso Magento do Magenteiro

Magenteiro à parte, foi incrível ver que o conhecimento adquirido com Magento valeria um emprego após apenas 5 dias na Austrália.

E a Austrália? Amor a primeira vista?

A Austrália nos recebeu de braços abertos como nenhum outro país o faria. Afinal, grande parte das pessoas que moram aqui nasceram em outros países.

Praia de Manly, Norte de Sydney – Maio de 2017

Além disso, sempre digo que fomos praticamente abençoados com todas as pessoas que cruzaram nossos caminhos por aqui. Australianos, Brasileiros e de vários outros países, só cruzamos com pessoas legais e que nos ajudaram e orientaram em tudo que podiam.

Segurança, infraestrutura, transporte, praias e lugares que jamais imaginávamos encontrar, foram apenas alguns dos motivos para querer ficar por aqui.

Nunca existiu um motivo único para querer mudar, mas sim uma dúzia deles. Afinal, ninguém abriria mão da distância da família, costumes, conforto, e tantas outras coisas boas por um único motivo?

E se você nunca saiu do Brasil, os benefícios da “vida lá fora” são apenas uma ilusão difícil de ser acreditada e entendida, não importa quantas vezes ouça isso. Pelo menos foi assim pra mim.

Bom, mas se quiséssemos ficar aqui por mais de 5 meses, faltava algo que não dependeria só da gente…

O visto

Demos entrada no processo de visto de permanência pouco mais de um mês antes do nosso visto de estudante expirar. Com isso, entramos em um processo de visto temporário – um visto que lhe permite ficar enquanto a decisão de seu visto definitivo não é tomada. É o chamado bridging-visa (visto de ponte?).

A empresa que me contratou se propôs a arcar com todas as custas para um dos tipos de visto disponíveis. Porém, como preferimos seguir com outro tipo de aplicação que não teria amarrações longas com a empresa, pagamos tudo por conta própria. Mesmo assim, ainda optamos por um tipo de visto onde é necessário ter um empregador e habilidades específicas. Se quiser saber mais sobre ele, clique aqui (Em Inglês).

Parte do processo do visto incluíram testes de habilidade de Inglês e exames médicos para todos os envolvidos. Além é claro, de infinitas documentações e comprovações de uma vida inteira. Nesse ponto, ter contratado um advogado de imigração experiente foi fundamental para nos guiar e preparar todo o processo.

Cursos superiores, idade, nota nos testes de Inglês, histórico profissional, são alguns dos fatores que somam pontos para aplicação.

Nunca pare de estudar. Quando você menos espera, o retorno chega. Nunca imaginei que os tantos cursos que fiz somariam pontos nessa fase da nossa vida. 🙂

Peculiaridades do nosso processo de visto

Nosso visto teria saído em 3 meses, mas havia algo que decidimos no caminho e atrasou todo o processo em cerca de 9 meses. Tivemos nossa primeira filha por aqui.

A Alice veio ao mundo como Brasileira, mas com o mesmo visto que seus pais, e passou a fazer parte do processo. Após ter feito seus exames médicos exigidos ela também se tornou residente permanente e assim como nós, logo poderá aplicar para cidadania Australiana.

Outro fator complicador no nosso processo foi o fato da minha área de atuação ser diferente da minha área de formação. Ou seja, embora estivesse sendo empregado por habilidades específicas, eu não era formado na área.

Sendo assim, parte do processo consistiu em provar possuir “conhecimentos equivalentes” a um pessoa formada na área e acreditado pela ACS (Associação do Setor Tecnológico da Austrália). Todos os certificados de cursos e minicursos de uma vida foram traduzidos e somados ao processo. Além disso também tive que apresentar em detalhes duas grandes implementações ou projetos que já trabalhei ou criei.

Esta foi provavelmente a parte mais complicada do processo, e envolveu todas as empresas por onde passei no Brasil. Além da carteira de trabalho traduzida, precisei de carta de recomendação de cada uma delas, inclusive de pessoas que trabalharam comigo. Tudo a fim de suportar minha prova. E o pior é que tudo isso teve que ser conseguido às pressas antes em uma das etapas do processo com o prazo de uma semana.

Enfim, mais uma vez percebi que não foi apenas na Austrália que nos cercamos de pessoas dispostas a ajudar.

Independência

O penúltimo capítulo conhecido desta “jornada Magenteira” se deu há pouco mais de um ano. Em Fevereiro de 2019 passei a me dedicar exclusivamente ao Magenteiro e outros projetos Magento engavetados desde então.

Tickets técnicos, reuniões, e cargo corporativo de um emprego formal deram lugar à criação de novos cursos, vídeos, artigos, e-mails, boletins e tantos outros materiais sobre e-commerce que passaram a fazer parte das minhas tarefas diárias.

Parte do trabalho é terceirizado com empresas e profissionais do Brasil, Índia, Filipinas e eventualmente outros países.

A abertura e gestão de uma empresa na Austrália se mostrou uma tarefa mais fácil e menos custosa em termos de burocracia do que seria no Brasil. Porém muito mais cara quando se fala de impostos. Na Austrália seu imposto pode chegar aos 45% dependendo da faixa de renda. Em contrapartida, como você pode imaginar, podemos ver o retorno destes impostos todos os dias em cada esquina.

Além disso, a maioria dos alunos do Magenteiro não pagam pelo investimento em dólar australiano, mas sim em Real brasileiro, o que faz este ser um negócio ainda mais desafiador.

O que quero dizer com esta parte da jornada é que novamente o Magento mostrou os caminhos para atingir um dos meus maiores objetivos: a independência sem um emprego formal, fazendo algo que eu realmente gosto e ajudando milhares de pessoas no Brasil e no mundo.

O último capítulo

O último capítulo desta história como você pode esperar, ainda não foi escrito.

Se há 5 anos alguém me falasse que em 2020 estaríamos morando do outro lado do mundo com uma filha de 2 anos e outra a caminho, minha resposta seria algo assim:

“Pare com as drogas! Procure ajuda! E se puder, me conta onde conseguiu essa.” 🙂

Se você acompanha a newsletter semanal do Magenteiro ou faz parte da família de alunos, provavelmente já conhecia parte dessa história, antes contada nos e-mails e bate-papos.

Mesmo do outro lado do mundo, continuaremos criando novos conteúdos e facilitando o entendimento do Magento e do e-commerce para lojistas, empreendedores e desenvolvedores.

Sua jornada com Magento certamente não será a mesma que a minha.

Talvez sua jornada de sucesso sequer será com Magento.

A única coisa certa de tudo isso, é que as oportunidades aparecem para quem nunca para de estudar e aprender.

O resto é pura persistência.

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